29/07/2013

Inhapi e Mata Grande estão na lista dos 50 piores IDH do Brasil, diz ONU

Outros três municípios alagoanos completam a lista que tem Inhapi como líder no ranking na condição de pior IDH do estado. Dado é do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Seades aponta seca como responsável pelo baixo desempenho no estado.

Cinco municípios alagoanos estão na lista dos piores Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil. A constatação é do estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) que publicou a avaliação "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013". Em Alagoas constam na relação dos piores IDHM os municípios de Inhapi, Olivença, Olho D'Água Grande, Mata Grande e Roteiro.


O pior resultado entre os municípios alagoanos foi o de Inhapi que apresentou IDHM de 0,484; seguido por de Olivença com 0,493; Olho D´Água Grande 0,503; Mata Grande 0,504 e Roteiro 0,505.

O IDH mede o nível de desenvolvimento humano de determinada região. É a terceira vez que o órgão da ONU realiza o levantamento sobre a situação nos municípios do país – outras duas edições da pesquisa foram divulgadas em 1998 e 2003.

No atlas de 2013, o IDH foi calculado com  base nos dados do censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No atlas de 2003, as informações são do censo de 2000, e, para 1998, a base de dados foi de 1991. No entanto, neste ano, o Pnud mudou os critérios de aferição do índice, e atualizou os dados dessas duas pesquisas anteriores com base nesses novos critérios

O IDH dos municípios vai de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento humano; quanto mais próximo de um, melhor. O índice considera indicadores de longevidade (saúde), renda e educação.

Inhapi

Com o pior desempenho entre os municípios de Alagoas, o prefeito de Inhapi, José Cícero Vieira (PT) disse que foi surpreendido com a informação de que o município está entre os 50 piores de IDHM. “Não sabia da divulgação, mas não me espanto com o dado porque quando assumi a gestão encontrei o município em um verdadeiro caos”, expôs.


Não sabia da divulgação, mas não me espanto com o dado porque quando assumi a gestão encontrei o município em um verdadeiro caos" 
José Cícero, prefeito Inhapi

Diante da realidade, José Cícero falou que das 40 escolas de Inhapi, 25 estão sendo reformadas e que a atual gestão vem trabalhando para mudar o cenário do município.

"Estamos pagando salários dos servidores que estavam atrasados e investindo em obras de infraestrutura na cidade. Tive que interditar uma escola porque não tinha condições de funcionar. Juntei alunos de duas turmas em uma sala para eles não ficarem sem aulas. Nós também aumentamos a verba destinada a merenda escolar que era de R$ 9 mil para R$ 40 mil. Na Saúde o repasse na gestão anterior era de R$ 42 mil e agora repassamos R$ 188 mil”, disse.

Ao falar sobre as dificuldades o prefeito, que está em seu primeiro mandato, disse que pretende agir na raiz do problema, mas para isso "será necessário suporte do governo estadual".

Roteiro

Ao alegar orçamento apertado e baixa receita, o prefeito do município de Roteiro, Wladmir Brito (PDT) expôs que devido a situação territorial é bastante difícil desenvolver a cidade que possui pouco mais de 6 mil habitantes. "Essa é a realidade de Roteiro que estamos tentando modificar. Para isso, nosso maior empenho está sendo em educação. Estamos investindo tanto na educação das crianças quanto dos adultos. Hoje dependemos apenas de FPM e todo o esforço que fazemos é com recursos próprios", reforçou.


Essa é a realidade de Roteiro que estamos tentando modificar. 
Para isso, nosso maior empenho está sendo em educação"
Wladmir Brito, prefeito Roteiro

A reportagem do G1 tentou contato por telefone com os prefeitos dos municípios: de Olivença, Jorginaldo Vieira (PP); Mata Grande, José Jacob Brandão (PP); e de Olho D'Água Grande, Maria Suzanice (PP), mas os mesmo não foram localizados.

Seades

Diante do estudo da ONU, o superintendente de Fortalecimento do Sistema Descentralizado da Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), Adimilson Vasconcelos, revelou que como as cidades de Inhapi, Olivença e Olho D'Água Grande estão situadas no Sertão alagoano, o índice baixo é devido à seca.

“Além da seca, esses municípios não conseguem ser inseridos no Bolsa Família porque eles estão acima da expectativa do governo federal. Recentemente conseguimos inserir 111 famílias indígenas de Inhapi”, afirma o superintendente ao ressaltar que o governador Teotonio Vilela (PSDB) fez um mapeamento de todos os municípios que estão sem o benefício.


Em Olho d'Água das Flores, busca por água é diária. A moradora Creuza e os filhos voltaram de mãos vazias da torneira coletiva. (Foto: Jonathan Lins/G1 AL) 
Em Olho d'Água das Flores, busca por água é diária. A moradora Creuza e os filhos voltaram de mãos vazias da torneira coletiva. (Foto: Jonathan Lins/G1 AL)

Ainda segundo o superintendente, com a implantação do Canal do Sertão, nos municípios do Sertão de Alagoas, a vida das famílias desses municípios deve melhorar. “Em alguns municípios a água nem chegava, então estamos implantando uma outra realidade. Muitas famílias terão água encanada, melhorando a saúde”, reforça Adimilson Vasconcelos, ao lembrar que Alagoas tem um desenvolvimento histórico e que esteve outras vezes em colocações ruins no IDHM.

Já sobre a cidade de Mata Grande, o superintendente diz que a baixa classificação pode ser explicada em virtude do município ficar localizado na região do semiárido. Com relação ao município de Roteiro, ele diz que não tem um posicionamento imediato e que precisa fazer um estudo detalhado para saber os motivos para que a cidade esteja com o índice baixo.

Por: G1/AL