09/06/2013

Surto de diarreia em Alagoas tem causa indefinida

Um surto de diarreia que atinge Alagoas completa quatro semanas e as autoridades da saúde no Estado ainda não têm ideia da bactéria que já infectou mais de duas mil pessoas, nem qual é seu transmissor. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, muitos moradores da zona urbana de várias cidades - principalmente do Agreste e Sertão – já foram internados.

Há dez anos, a Sesau não registrava um número tão expressivo de ocorrências relacionadas à diarreia, conforme alega o órgão. Segundo a diretora de Vigilância em Saúde Ambiental, Maria Elisabeth Vieira da Rocha, o órgão esperava um aumento no número de infecções para o período do ano, o que é comum, segundo ela, mas não nesta proporção.

Uma das infectadas foi a menor A.M., internada em Mata Grande no dia 16 de maio, diagnosticada com uma bactéria até hoje misteriosa para a família. A menor, segundo familiares, vomitava tudo o que comia e foi tratada por mais de cinco dias com antibióticos. “Depois do tratamento, agora ela está em casa em observação. Os exames foram feitos, mas ainda estamos aguardando os resultados”, disse a prima da menina, Luanda Rocha.

Já em Maceió, Luanda disse que precisou do remédio Floratil, comum nas farmácias, mas não encontrou em nenhuma onde procurou. A reportagem entrou em contato com três drogarias da cidade e constatou que houve aumento na procura pelo remédio nos últimos dias, o que fez com que faltasse o medicamento, mas elas já estão abastecidas.
No intuito de identificar o agente transmissor da bactéria misteriosa, a Sesau vem realizando exames através da coleta de fezes de pessoas infectadas e das águas que abastecem as cidades onde a diarreia foi identificada.

Agora, um suposto aumento na proliferação de moscas nas regiões mais afetadas entrou na lista da possível causa do surto.“Não conseguimos definir qual foi o agente. Fizemos inclusive pesquisa para rotavírus e a influência de cianobactérias. Fizemos o [teste] de cólera e deu negativo, mas notamos um aumento notável de moscas, que também podem ser transmissoras ao pousar no lixo e, em seguida, nos alimentos e água”, disse Maria Elisabeth. “Não estamos descartando nenhuma possibilidade”, completou.

A Sesau não descarta a possibilidade de criptosporidiose ou disenteria amebiana, doenças causadas por parasitas resistentes ao cloro de tratamento - por serem cistos encapsulados – e que podem causar a morte caso não sejam tratadas.

De acordo com a diretora, 40% dos casos de diarreia registrados em Alagoas foram provocados pela bactéria misteriosa e têm sobrecarregado as unidades de saúde das cidades de Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema, Cacimbinhas e toda a região que, no período de um mês, teve registros crescentes de casos de diarreia. “Na primeira semana foram duzentas ocorrências, na segunda, seiscentas. No final do período de um mês, já tínhamos registrados 1.400 casos”, disse.

Tribuna Hoje