Um
surto de diarreia que atinge Alagoas completa quatro semanas e as
autoridades da saúde no Estado ainda não têm ideia da bactéria que já
infectou mais de duas mil pessoas, nem qual é seu transmissor. Segundo a
Secretaria de Estado da Saúde, muitos moradores da zona urbana de
várias cidades - principalmente do Agreste e Sertão – já foram
internados.
Há dez anos, a Sesau não registrava
um número tão expressivo de ocorrências relacionadas à diarreia,
conforme alega o órgão. Segundo a diretora de Vigilância em Saúde
Ambiental, Maria Elisabeth Vieira da Rocha, o órgão esperava um aumento
no número de infecções para o período do ano, o que é comum, segundo
ela, mas não nesta proporção.
Uma das infectadas foi a menor A.M.,
internada em Mata Grande no dia 16 de maio, diagnosticada com uma
bactéria até hoje misteriosa para a família. A menor, segundo
familiares, vomitava tudo o que comia e foi tratada por mais de cinco
dias com antibióticos. “Depois do tratamento, agora ela está em casa em
observação. Os exames foram feitos, mas ainda estamos aguardando os
resultados”, disse a prima da menina, Luanda Rocha.
Já em Maceió, Luanda disse que
precisou do remédio Floratil, comum nas farmácias, mas não encontrou em
nenhuma onde procurou. A reportagem entrou em contato com três drogarias
da cidade e constatou que houve aumento na procura pelo remédio nos
últimos dias, o que fez com que faltasse o medicamento, mas elas já
estão abastecidas.
No intuito de identificar o agente
transmissor da bactéria misteriosa, a Sesau vem realizando exames
através da coleta de fezes de pessoas infectadas e das águas que
abastecem as cidades onde a diarreia foi identificada.
Agora, um suposto aumento na
proliferação de moscas nas regiões mais afetadas entrou na lista da
possível causa do surto.“Não conseguimos definir qual foi o agente.
Fizemos inclusive pesquisa para rotavírus e a influência de
cianobactérias. Fizemos o [teste] de cólera e deu negativo, mas notamos
um aumento notável de moscas, que também podem ser transmissoras ao
pousar no lixo e, em seguida, nos alimentos e água”, disse Maria
Elisabeth. “Não estamos descartando nenhuma possibilidade”, completou.
A Sesau não descarta a possibilidade
de criptosporidiose ou disenteria amebiana, doenças causadas por
parasitas resistentes ao cloro de tratamento - por serem cistos
encapsulados – e que podem causar a morte caso não sejam tratadas.
De acordo com a diretora, 40% dos
casos de diarreia registrados em Alagoas foram provocados pela bactéria
misteriosa e têm sobrecarregado as unidades de saúde das cidades de
Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema, Cacimbinhas e toda a região
que, no período de um mês, teve registros crescentes de casos de
diarreia. “Na primeira semana foram duzentas ocorrências, na segunda,
seiscentas. No final do período de um mês, já tínhamos registrados 1.400
casos”, disse.
Tribuna Hoje